A dor do outro

Algumas frases se tornam tão usadas que perdem o sentido às vezes. Por exemplo, acho estranho quando as pessoas dizem umas às outras: “Eu entendo o que você está sentindo...” Ou “Eu sei o que você está passando...”.
Essa pode ser uma boa tentativa de ajudar o outro no seu momento de angustia e de dor, mas a grande verdade é que ninguém pode “saber” a dor do outro, muito menos sentir.
Nossas dores, da mesma maneira que nossas alegrias são únicas, distintas, somente quem vive sabe o que aquele momento representa.
Quando alguém lamenta a dor sentida por uma perda, seja ela de um objeto, uma pessoa ou um relacionamento...quem sabe até mesmo a frustração de um sonho perdido, pode até ser alentador ouvir que essa perda será suprida com outras coisas maiores e melhores, com relações mais estáveis e realizadoras, sonhos maiores e melhores etc e tal, mas é bom não perder de vista que naquela hora era “aquilo” que contava, ali todas as esperanças estavam depositadas, todos os outros sonhos eram menores e por isso a dor sofrida é intensa e única.
Pense um instante e olhe pra dentro de si mesmo(a), veja se há como substituir o que mais se estima, mais se deseja ou mais se ama. Pode até ser que essa sensação dure por uma fração de segundos, por algumas horas ou dias, mas é certo que a dimensão daquela dor e sua intensidade só quem a sofre pode mensurar.
A solidariedade é válida e necessária sem dúvida. Mas eu prefiro compartilhar a dor ou mesmo a alegria. Condoer-se ou “alegrar-se com” talvez seja uma maneira mais respeitadora de ajudar amigos em momentos difíceis.
É imprescindível a experiência única da dor. É isso que nos faz crescer.
Bjos no coração!