segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O tempo e o vento

A caminho de Porto de Galinhas
Ontem acordei às 4 horas da manhã. Não era insônia, era o inicio da realização de um sonho acalentado por anos: mergulhar. Nunca soube na verdade o porquê desse sonho, talvez por ser um garoto das montanhas que se apaixonou pelo mar quando o viu pela primeira vez aos 12 anos de idade (sim, como todo bom mineiro foi o mar de Guarapari). 
O local escolhido para mergulhar foi Pernambuco, mais especificamente Porto de Galinhas, com suas piscinas de agua translúcida. A exuberância do local deixa a gente fascinado e a ansiedade de viver essa experiência faz com que tudo pareça diferente do que é, principalmente o tamanho da jangada que me levaria ao local do mergulho. Como alguém pode navegar naqueles quatro troncos, três banquinhos e uma vela? Pois é, a vontade de realizar sonhos te faz superar medos - e vocês não têm noção de quanto medo.
Praia de Porto de Galinhas - Indo pra base de mergulho
Mas esse medo se dissipa rapidinho quando se sente o vento bater no rosto, trazendo uma sensação que não se experimenta em lugar algum, somente no mar (falei como Dorival Caimmy). O frescor da brisa marinha, o sol refletindo seus raios sobre a água e o colorido de outras jangadas remontam a gente para aqueles lugares que só vemos nos pensamentos longínquos das literaturas nordestinas.
Chegou a hora. Depois de uma pequena instrução de Mestre Paulo (que é paulista) coloquei o equipamento e saltei na água. Não há palavra pra descrever essa emoção, fico devendo a vocês. Só da pra dizer que entrei em outro mundo, outro universo de belezas e encantos e me desliguei do mundo. Lá embaixo o tempo para e dá lugar à possibilidade de contemplar a beleza das coisas pelo que elas são e como são. Corais e peixes coloridos não eram cenas de documentários na TV, mas eram reais e permitiram bondosamente que eu me inserisse em seu mundo.
Os peixes não fugiam, apenas me aceitavam como um igual dentro do universo submarino me dando boas-vindas com pequenos esbarröes como se quisessem dizer: bem-vindo ao nosso mundo, aqui embaixo as leis são diferentes e te acolhemos bem pelo tempo em que você quiser ficar.
Foram os 25 minutos mais lindos de minha vida. Confesso que deixei minha câmera lá no barco e não quis voltar pra buscar (As fotos que vocês estão vendo foram feitas com a máquina do Ricardo, o mergulhador que estava comigo). Preferi aproveitar bem os minutos ali embaixo e não me arrependo.
Aliás, quando subi alguma, coisa tinha mudado e não estou fazendo charminho, não. Primeiro, uma gratidão enorme ao ETERNO por toda aquela beleza abaixo de nós. E também a mudança de paradigma quanto ao uso do tempo. Perder a noção do tempo embaixo d’água e não me sentir perdido me fez perceber que está mais que na hora de rever a maneira como lido com o tempo. Dar importância às coisas que realmente tem importância. Não é o tempo que tem governar a vida, mas a vida que deve determinar a quantidade de tempo a ser gasto na percepção de cada coisa, na realização dos sonhos e projetos de nossa vida.
Enquanto estava na jangada indo para o ponto de mergulho, me deliciei com o vento soprando em meu rosto, a visão maravilhosa do sol refletindo sobre a água e aquele momento era meu e todo meu. Não pensei que horas eram ou o que faria em seguida. Simplesmente aproveitei cada segundo. E, não tenham dúvida, valeu a pena.
Durante as minhas férias vou exercitar isso. Tirei meu relógio do pulso e estou menos plugado na net. Por isso estarão me vendo pouco menos no Twitter e Facebook. Não esqueci meus amigos, mas estou me dando um tempo pra reaprender certas coisas, re-estabelecer certos conceitos e valores e reaprender a viver aquilo que realmente importa.
O tempo e o vento podem ser perfeitamente compatíveis, basta que façamos a escolha certa e sejamos os senhores de nosso tempo.
Valeu pessoal, bom dia a todos! 

3 comentários:

Willian Lira disse...

E vai mergulhar mais... esse era um grande sonho meu tb... Adoro nadar e vc bem sabe. Mas gostaria de práticar mergulho... Em BH tem um dos melhores cursos do país... quem sabe... Fico feliz por vc amigo... Curta muito...

Brígida Oliveira disse...

Fala sério, migo!

Eu num lugar desses esqueceria totalmente de Twitter e Facebook!

Creio que só não me esqueceria de escrever, assim como tem feito.

Falar das maravilhas que ainda há na terra...em nossa terra! Perceber mais de perto a grandeza do Criador na perfeição de tudo que por Ele foi criado!

E quanto aos amigos... certamente entenderão a ausência temporária depois de verem e ouvirem suas belas narrativas de um "minúsculo" exemplo do que será o paraíso!

Brígida Oliveira disse...

E...

Não poderia deixar de te chatear com minhas bobeiras verdadeiras(nem tanto)...hehe

Essa coisa de digitar letrinhas e esperar a aprovação do proprietário é um...

É um... isso mesmo! hehe

Obs. Viver é preciso...comentar no blog da miga também é preciso! :P